Apesar do calor entre os 37 °C e a 40 °C que fez em meados da semana passada e neste domingo (20), em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rio Grande do Sul (oeste), é o frio de novembro sendo o destaque da estação.

No início do mês de novembro, o frio bateu recordes de décadas no Brasil e na Argentina. As áreas mais altas da serra de Santa Catarina viram neve pela primeira vez em um dia deste mês, em plena primavera.

Figura 1: Geada nas baixadas do Vale do Caminho da Neve, registrada em 18/11/22 em São Joaquim/SC
Fonte: Mycchel Legnaghi/Climatempo

Neve e recordes de geadas na serra catarinense

Os eventos de geada também já bateram recorde no Sul do Brasil. Conforme, dados da prefeitura de São Joaquim e a agência de notícias São Joaquim Online, até o dia 18 de novembro foram registrados 12 dias com geada na região do Caminho da Neve, aproximadamente 3 km do centro da cidade, localizada em uma região de vales e montanhas que normalmente são mais frias que as demais áreas de São Joaquim.

Além disso, segundo a Mycchel Legnaghi, que costuma documentar o frio em São Joaquim a cerca de 20 anos, o número de geadas em novembro de 2022 superou o do ano de 2016. Outro fato inédito, todos os meses de 2022 registram o fenômeno, conforme as observações de Mycchel.

Os cálculos do Centro de informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeolrogia de Santa Catarina (CIRAM), a média mensal da temperatura mínima de novembro dos últimos 5 anos em São Joaquim foi de 9,7 °C, enquanto a média das mínimas da primeira quinzena de novembro de 2022 foi de 6,4 °C.

Ainda pode fazer frio em dezembro?

Diante de tantos oscilações da temperatura que já foram observados nesta primavera, com a La Niña ainda comandado o Pacifico Equatorial central-leste, a muita dúvida acerca do assunto.

O meteorologista Vinicius lucyrio, ressalta que um frio intenso como o do início de novembro é pouco provável. Mas ainda poderemos ter alguns poucos dias com noites e tardes com temperaturas abaixo do normal para dezembro.

Assim, o sul do Brasil poderá sentir um pouco mais o ar frio de origem polar, que seria responsável pela queda de temperatura além do normal. Mas no Sudeste e no Centro-Oeste, os dias mais frescos seriam decorrentes ao excesso de nebulosidade e chuva, devido ao episódio de Zona de Convergência do Atlântico Sul em dezembro, conforme explica o meteorologista Vinicius Lucyrio.

La Niña

O fenômeno La Niña (situação em que a porção central-leste do oceano Pacifico Equatorial fica com temperatura abaixo do esperado) segue ativo e com moderada intensidade. Isto aumenta a frequência de frentes frias percorrendo o Sul e passando pela costa do Sudeste na primavera e início do verão.

Com La Niña atuando, não se pode desconsiderar passagem de algum ar frio acima do normal em dezembro. Porém, estamos a poucas semanas do solstício de verão (21/12/2022), data de início astronômico do verão), que propicia uma atmosfera mais aquecida, com menor possibilidade frio intenso como no início de novembro.

Projeção do La Niña

Conforme a projeção mais recente, em 10 de novembro, do Climate Prediction Center, National Centers for Evironmental Prediction e do NOAA/ National Weather Service, centros de pesquisas e de monitoramento do Clima global dos Estados Unidos, todos institutos de referência mundial nos estudos climáticos, existem 76% de chance de continuidade do fenômeno La Niña até o fim de fevereiro de 2023. A passagem para a neutralidade do fenômeno deve ocorrer entre fevereiro e abril de 2023. Com informações da Cliamtempo.

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